segunda-feira, 27 de maio de 2013

Pontos importantes sobre assunto Direitos Humanos

Quem já não ouviu ou falou algo sobre: “Preso apanhando, lá vem os Direitos Humanos”. Em algumas oficinas ou palestras que trabalho, algumas vezes ouço comentários negativos ou críticas com o tema Direitos Humanos. Às vezes, parece-me que as pessoas personificam os Direitos Humanos como uma pessoa! Sim! Como uma pessoa que fica sentadinha em um cantinho de algum lugar e quando o opressor (no caso um ladrão por exemplo) é oprimido a “pessoa” direitos humanos aparece do nada, para defende-lo, mas que não fez a mesma coisa com a vítima do opressor (no caso o ladrão)!  

Pois bem, acho justo então refletir sobre o caso, afinal de contas temos alguns mitos que precisa de reflexão! A primeira delas é por uma boa pergunta que um dia um adolescente me fez: Gui, quem defende os direitos humanos? Minha resposta: Você é a favor da violência contra as mulheres? Quando uma criança é jogada pelo seu pai da janela do seu quarto pelo pai, e a mesma falece isso te indigna? Se um dia você estiver para atravessar uma rua, e ver uma pessoa atropelada próximo de você, o que você faz? A- Atravessa a rua B- vai tentar ajudar a pessoa, vendo se a mesma precisa de algo?
Pois bem, quem defende os direitos humanos, retorno a pergunta?

Eis um ponto importante sobre os direitos humanos! De certa forma, todos nós defendemos tais direitos, uns mais outros menos, mas todos nós em algum momento defendemos tais direitos.
Falar de direitos humanos ou defender parece ação de pessoas desocupadas ou baderneiras! Ora, falar em direitos humanos é acreditar que a economia de um país é extremamente importante, mas que acima disso esta a pessoa, enfim a sociedade.  

Outro ponto que destorce nossa relação com o assunto esta na associação dos Direitos Humanos com a defesa de pessoas presas. Esta associação veio principalmente com o episódio da Casa de Detenção do Carandiru em 1992 quando houve o conhecido “Massacre do Carandiru” onde tivemos a morte (segundo números oficiais) de 111 detentos. Neste episódio com grande repercussão mundial inclusive, tivemos ações de grupos ligados aos Direitos Humanos que promoveram, defenderam e divulgaram a ação desastrosa do governo de São Paulo. Por esta medida que os direitos humanos, ou melhor, os grupos que defendem os direitos humanos foram associados aos direitos dos presos.

Defender direitos para todos não é “passar a mão na cabeça de bandido”. Direitos Humanos é defender princípios, é reconhecer que o outro (por mais que este também erre) tem direitos e que o mesmo deva ser responsabilizado pelos seus atos. Existe uma “encrenca” entre responsabilização e direito.

Outro ponto que trago é que falamos mais de deveres do que de direitos. Para tanto, só conseguimos refletir sobre o assunto, quando dialogamos e exercitamos reflexões sobre tais direitos. Cobramos de crianças e adolescentes responsabilidades (o que esta completamente certo), mas pouco falamos sobre seus direitos e o sentido de ser respeitado. Aqui estou me referindo a valores, valores como respeito ao próximo, ao meio ambiente, à escola enfim respeito à vida.

Fazendo um comparativo, é a mesma coisa que alguém bater em sua porta todos os dias cobrando que você pague a conta em dia, mas ninguém nunca bate em sua porta dizendo que você tem direitos como consumidor. Ora, se já temos dificuldades em saber que temos direitos e pouco praticamos, imagina em saber nossos deveres.

Sendo assim, proponha uma reflexão falando sobre começar a trabalhar os direitos com esta geração que não tem o apoio constante de seus familiares por vários motivos. Neste sentido, a saúde, educação, assistência social, esporte, cultura, e outros tem um papel impar ao trabalhar esta reflexão desenvolvendo a competência dos direitos humanos com crianças e adolescentes. Para tanto não precisamos parar nossas atividades para trabalharmos o tema como se fosse algo dissociado do dia a dia. É necessário trabalhar o assunto trazendo exemplos e praticas reais, refletindo ações e buscando a interação com propostas concretas.

Vale lembrar que crianças, adolescentes e adultos só afastam e mudam suas concepções sobre o  assunto direitos humanos quando ele é vivenciado, afinal não podemos falar de “lá vem os direitos humanos de novo!” mas sim desenvolver práticas em sociedade baseada sobre o assunto, enfim é necessário desenvolver hábitos baseados em direitos humanos.

Para tanto, nossa reflexão e postura frente ao tema, tem que ser de acolhida e pratica e não algo como uma coisa ruim, negativa. Quando estamos negando ou criticando o assunto, estamos de contra partida estimulando (mesmo que sem querer) a violência, a pratica do “pago na mesma moeda” a intolerância.





segunda-feira, 6 de maio de 2013

A importância da referência para o Adolescente


Com o tema da redução da maioridade penal voltando a tona na mídia brasileira, e com os diversos desafios que envolvem a educação em nosso país, os adolescentes ficam em destaques pelos problemas que apresentam no cotidiano.

Atualmente a adolescência deixou de ser apenas uma passagem da criança para o mundo dos adultos, como se pensava há anos atrás em nossa sociedade. Hoje os adolescentes são considerados uma categoria social que merece ser estudada pelos problemas que cometem mais principalmente pelos problemas que sofrem em sua grande maioria.

Quando a criança começa a entrar na adolescência, não só a questão do corpo como aumento da massa muscular e aparecimentos dos pelos pubianos que aparecem fruto do desenvolvimento hormonal. Há mais do que isso.

No campo psicológico, por exemplo, o adolescente aos poucos começa a não deixar as suas emoções aparecerem como uma criança, fechando-se e guardando suas emoções para sí. Diminui o dialogo, não diz o que pensa e começa a fortalecer sua rede de amizades como uma forma de conhecer o mundo e de proteger do mesmo também. Um adolescente sozinho no meio de adultos é uma coisa, o adolescente em grupo na frente de um adulto é outra completamente diferente. Que diga nós educadores ou professores!
Neste momento, o dialogo com a família começa a ficar cada vez mais difícil, pois algo que o adolescente precisa fazer é negar sua infância. Negar sua infância é as vezes negar sua família. Família lembra tutela, inocência. Se na infância deste adolescente a família conseguiu dar carinho e amor, passou calma e tranquilidade para este, na adolescência será mais fácil os momentos de tensão. Ao contrário já podemos ter previsões do que irá acontecer na adolescência...

Se neste momento o adolescente nega sua família (por mais que esta passou e passa amor) e busca junto com outros adolescentes (como um grupo) conhecer o mundo, onde entra o adulto nesta história?
Dizem que educação vem de casa, certo? Mas na adolescência é preciso uma nova aprendizagem, novas conexões cerebrais são perdidas e novas ligações precisam ser feitas.

Para ficar claro à você leitor e leitora, pensamos em uma tatuagem que uma pessoa fez na década de 90. Será que essa tatuagem em 2013, esta do mesmo jeito? Sim ela continua lá, na pele da pessoa, mas e as formas? O contorno do desenho? A tinta?  É necessário neste momento fazer um reforço, ou alterar o desenho colocando outro em cima, ou seja, dar nova roupagem a tatuagem!

Na adolescência é a mesma coisa. Bem ou mal a criança aprende com os adultos. Wallon dizia que a família é o grupo primário para o inicio do aprendizado, por exemplo.

Mas é na adolescência que novamente é preciso reforçar aspectos importantes, ou mudar, ou transformar tais aspectos. É neste momento que é preciso ter novas referências para os adolescentes. Não! Não estou de forma alguma negando a importância do pai, da mãe ou do responsável direto do adolescente. Mas se faz necessário a presença de um adulto para dar continuidade. É disso que a adolescente precisa, de outros adultos neste momento.

Leitor, tenho a convicção que só duas coisas podem ajudar os adolescentes hoje: trabalho em grupo (afinal eles estão em grupo) e a referência para o grupo e para o adolescente.

Neste texto trago a importância da referência em pontos importantes:

Referência não se intitula.
Um adulto para ter conexão com o grupo ou com o adolescente, precisa esquecer o seu título: professor, catequista, etc. Tem que ser adulto, antes de qualquer coisa. Não precisa nem falar com gírias por exemplo. A referência só ganha o adolescente quando demostra atenção e carinho com o mesmo. Para ser referência, com todo o respeito, as vezes a aula, o encontro, o conteúdo ou tema, fica em segunda opção. A primeira coisa é a “sintonia com o grupo” ou com o adolescente. A frase que temos que ter é:
“neste momento não sou nada, sou apenas uma pessoa querendo ajudar estes jovens”

Referência como caminho
A pessoa não vira referência de um dia para o outro. Em cinquenta minutos ou uma hora.     Ser referência é um processo. É de encontro a encontro em encontro de aula a aula. Por isso a cada aula é preciso ter claro que ao pisar no espaço sagrado de educar, a referência tenha paciência sobre seu papel.

Referência como testemunho
O adolescente precisa escutar da referência seu testemunho de vida. Suas experiências, sua infância e principalmente sua adolescência. Neste ouvir a história, a referência tem que passar a sua verdade, tem que imaginar, tem que sonhar em quanto narra e avaliar-se enquanto protagonistas da sua história para o adolescente que escuta. Falamos de conteúdos na escola, falamos de Jesus na catequese, mas não falamos da gente para os jovens. Não falamos por que nos fechamos. Referência precisa abrir-se com o adolescente ou com o grupo



Referência na conversa individual para a responsabilização
Temos a péssima mania de cobrar dos adolescentes na frente dos outros. ( o que é um erro metodológico grande) A referência aos poucos tem que cobrar do adolescente e apontar o seu erro chamando para a conversa particular. No olho a olho. Sem berros e ameaças. Apontando caminhos, mostrando pro adolescente e refletindo com ele, onde esta o erro e o porque do erro. Nada de: “ele esta grandinho, sabe bem o que faz!” Não é assim que educamos...
A responsabilização é um momento mágico, delicioso, saboroso para a referência! Sentar no mesmo nível, falar com emoção, demostrar interesse pelo erro do adolescente, e principalmente se preocupar e torcer para o acerto do jovem é fundamental em uma referência.
Esporro coletivo, e ameaças não educam ninguém, e só ajuda a ter relações mais tensas!


Referência como monitoria
Sabe como os adolescentes ficam perdidos?! Quando não monitoramos. Nós fazemos os encontros semanais no mesmo horário e no mesmo dia. Damos aula, no mesmo horário e no mesmo dia! Mas quando um adolescente recebe uma mensagem de preocupação da sua referência?
A referência precisa tirar tempo para monitorar o grupo ou o adolescente. Tem que estar próximo, se não for fisicamente que seja virtualmente ou por telefonemas. Isso é importante.    
Demostrar interesse fora dos horários e dias comuns, demostra mais do que palavras, demostra atenção. É preciso monitorar, como um quase: “cuidado, estou de olho em você!”


Referência na reflexão de conteúdos
Para ser referência é preciso estar preparado. Além de monitorar, passar a sua verdade, responsabilizar, a referência precisa trazer conteúdos. Histórias, músicas, personagens, fatos faz parte da instrumentalização da referência. É usando os conteúdos que posso dialogar com o adolescente, brincar, ouvi-lo e fazer a conexões com o estado que o mesmo se encontra.




Referência como um ser de Postura
O Adolescente precisa se emocionar com a sua referência. Este é um papel fundamental para ser referência. Mexer com sentimentos, tocar, dizer, sonhar e se bobear chorar pela vida do outro. Mas é importante ter a postura de um líder que demostra caminhos. Mesmo nos momentos particulares adversos que todos temos, a referência precisa mostrar força e equilíbrio emocional. Podemos até dizer para os nossos adolescentes que não estamos bem, mas é necessário para o adolescente obter da sua referência calma e principalmente a postura ética. A única coisa que não podemos fazer é a famosa frase: “faça o que eu digo, só não faça o que eu faço!”
Se quisermos maturidade dessa geração, do adolescente especificamente, precisamos tomar cuidado com a nossa postura. Eles nos observam. Observam nossas redes sociais, a nossa postura com o outro, a nossa forma de dialogar e nossas atitudes. A grande pergunta que a referência tem que ter é: “como será que o grupo de adolescentes me observa?”

Para terminar: referência como opção de vida

Lendo estes pontos, chego a uma coisa importante: referência é uma opção de vida. Por que trabalhar com adolescentes, crianças ou com famílias excluídas? Ser referência é mais do que um trabalho. Seria bom se as referência pudessem ganhar mais do que ganham eu concordo! Mas infelizmente o mundo político (individualismo) e econômico (mercado vale mais do que pessoas) não trará para a referência grandes ganhos econômicos. Por isso que independente do grau e de onde este adulto referência estiver, e para todos os pontos escritos acima, ser referência é sim um ato de amor e um ato de ajuda para a vida do outro.
Em uma sala de aula trabalhamos com vidas não com alunos. Na saúde, na assistência social, no esporte ou cultura trabalhamos com vidas. Vidas em condição peculiar de desenvolvimento (no caso de crianças e adolescentes).
É preciso levar isso em consideração. É preciso levar isso no coração e na alma.


quinta-feira, 2 de maio de 2013

Assim como uma criança tranquila no berço

Com toda as forças do meu pensamento

quero um mundo melhor no presente e no futuro

Que a loucura da injustiça me alimente a minha revolta pacifica 

como uma criança querendo doce!

Que meu Deus e as pessoas com quem converso

toco, olho e falo... possam levar um pouco da minha mudança de mundo


Que o gosto da descoberta diária sobre a vida

possa ser sempre um motivo que me alegra, nas horas, minutos e segundos


E quando eu achar que não consigo, 

e quando eu acreditar que eu falhei,

e quando eu me acomodar..

a reflexão sobre a dor de uma criança ou de um adolescente

possa ser o combustível para levantar a cabeça e seguir em frente


Minha bandeira pacifica, sonhadora e empreendedora 

seja porta voz dos meus sorrisos e olhares

assim como um sonho de criança que dorme tranquila em um berço