segunda-feira, 27 de maio de 2013

Pontos importantes sobre assunto Direitos Humanos

Quem já não ouviu ou falou algo sobre: “Preso apanhando, lá vem os Direitos Humanos”. Em algumas oficinas ou palestras que trabalho, algumas vezes ouço comentários negativos ou críticas com o tema Direitos Humanos. Às vezes, parece-me que as pessoas personificam os Direitos Humanos como uma pessoa! Sim! Como uma pessoa que fica sentadinha em um cantinho de algum lugar e quando o opressor (no caso um ladrão por exemplo) é oprimido a “pessoa” direitos humanos aparece do nada, para defende-lo, mas que não fez a mesma coisa com a vítima do opressor (no caso o ladrão)!  

Pois bem, acho justo então refletir sobre o caso, afinal de contas temos alguns mitos que precisa de reflexão! A primeira delas é por uma boa pergunta que um dia um adolescente me fez: Gui, quem defende os direitos humanos? Minha resposta: Você é a favor da violência contra as mulheres? Quando uma criança é jogada pelo seu pai da janela do seu quarto pelo pai, e a mesma falece isso te indigna? Se um dia você estiver para atravessar uma rua, e ver uma pessoa atropelada próximo de você, o que você faz? A- Atravessa a rua B- vai tentar ajudar a pessoa, vendo se a mesma precisa de algo?
Pois bem, quem defende os direitos humanos, retorno a pergunta?

Eis um ponto importante sobre os direitos humanos! De certa forma, todos nós defendemos tais direitos, uns mais outros menos, mas todos nós em algum momento defendemos tais direitos.
Falar de direitos humanos ou defender parece ação de pessoas desocupadas ou baderneiras! Ora, falar em direitos humanos é acreditar que a economia de um país é extremamente importante, mas que acima disso esta a pessoa, enfim a sociedade.  

Outro ponto que destorce nossa relação com o assunto esta na associação dos Direitos Humanos com a defesa de pessoas presas. Esta associação veio principalmente com o episódio da Casa de Detenção do Carandiru em 1992 quando houve o conhecido “Massacre do Carandiru” onde tivemos a morte (segundo números oficiais) de 111 detentos. Neste episódio com grande repercussão mundial inclusive, tivemos ações de grupos ligados aos Direitos Humanos que promoveram, defenderam e divulgaram a ação desastrosa do governo de São Paulo. Por esta medida que os direitos humanos, ou melhor, os grupos que defendem os direitos humanos foram associados aos direitos dos presos.

Defender direitos para todos não é “passar a mão na cabeça de bandido”. Direitos Humanos é defender princípios, é reconhecer que o outro (por mais que este também erre) tem direitos e que o mesmo deva ser responsabilizado pelos seus atos. Existe uma “encrenca” entre responsabilização e direito.

Outro ponto que trago é que falamos mais de deveres do que de direitos. Para tanto, só conseguimos refletir sobre o assunto, quando dialogamos e exercitamos reflexões sobre tais direitos. Cobramos de crianças e adolescentes responsabilidades (o que esta completamente certo), mas pouco falamos sobre seus direitos e o sentido de ser respeitado. Aqui estou me referindo a valores, valores como respeito ao próximo, ao meio ambiente, à escola enfim respeito à vida.

Fazendo um comparativo, é a mesma coisa que alguém bater em sua porta todos os dias cobrando que você pague a conta em dia, mas ninguém nunca bate em sua porta dizendo que você tem direitos como consumidor. Ora, se já temos dificuldades em saber que temos direitos e pouco praticamos, imagina em saber nossos deveres.

Sendo assim, proponha uma reflexão falando sobre começar a trabalhar os direitos com esta geração que não tem o apoio constante de seus familiares por vários motivos. Neste sentido, a saúde, educação, assistência social, esporte, cultura, e outros tem um papel impar ao trabalhar esta reflexão desenvolvendo a competência dos direitos humanos com crianças e adolescentes. Para tanto não precisamos parar nossas atividades para trabalharmos o tema como se fosse algo dissociado do dia a dia. É necessário trabalhar o assunto trazendo exemplos e praticas reais, refletindo ações e buscando a interação com propostas concretas.

Vale lembrar que crianças, adolescentes e adultos só afastam e mudam suas concepções sobre o  assunto direitos humanos quando ele é vivenciado, afinal não podemos falar de “lá vem os direitos humanos de novo!” mas sim desenvolver práticas em sociedade baseada sobre o assunto, enfim é necessário desenvolver hábitos baseados em direitos humanos.

Para tanto, nossa reflexão e postura frente ao tema, tem que ser de acolhida e pratica e não algo como uma coisa ruim, negativa. Quando estamos negando ou criticando o assunto, estamos de contra partida estimulando (mesmo que sem querer) a violência, a pratica do “pago na mesma moeda” a intolerância.





segunda-feira, 6 de maio de 2013

A importância da referência para o Adolescente


Com o tema da redução da maioridade penal voltando a tona na mídia brasileira, e com os diversos desafios que envolvem a educação em nosso país, os adolescentes ficam em destaques pelos problemas que apresentam no cotidiano.

Atualmente a adolescência deixou de ser apenas uma passagem da criança para o mundo dos adultos, como se pensava há anos atrás em nossa sociedade. Hoje os adolescentes são considerados uma categoria social que merece ser estudada pelos problemas que cometem mais principalmente pelos problemas que sofrem em sua grande maioria.

Quando a criança começa a entrar na adolescência, não só a questão do corpo como aumento da massa muscular e aparecimentos dos pelos pubianos que aparecem fruto do desenvolvimento hormonal. Há mais do que isso.

No campo psicológico, por exemplo, o adolescente aos poucos começa a não deixar as suas emoções aparecerem como uma criança, fechando-se e guardando suas emoções para sí. Diminui o dialogo, não diz o que pensa e começa a fortalecer sua rede de amizades como uma forma de conhecer o mundo e de proteger do mesmo também. Um adolescente sozinho no meio de adultos é uma coisa, o adolescente em grupo na frente de um adulto é outra completamente diferente. Que diga nós educadores ou professores!
Neste momento, o dialogo com a família começa a ficar cada vez mais difícil, pois algo que o adolescente precisa fazer é negar sua infância. Negar sua infância é as vezes negar sua família. Família lembra tutela, inocência. Se na infância deste adolescente a família conseguiu dar carinho e amor, passou calma e tranquilidade para este, na adolescência será mais fácil os momentos de tensão. Ao contrário já podemos ter previsões do que irá acontecer na adolescência...

Se neste momento o adolescente nega sua família (por mais que esta passou e passa amor) e busca junto com outros adolescentes (como um grupo) conhecer o mundo, onde entra o adulto nesta história?
Dizem que educação vem de casa, certo? Mas na adolescência é preciso uma nova aprendizagem, novas conexões cerebrais são perdidas e novas ligações precisam ser feitas.

Para ficar claro à você leitor e leitora, pensamos em uma tatuagem que uma pessoa fez na década de 90. Será que essa tatuagem em 2013, esta do mesmo jeito? Sim ela continua lá, na pele da pessoa, mas e as formas? O contorno do desenho? A tinta?  É necessário neste momento fazer um reforço, ou alterar o desenho colocando outro em cima, ou seja, dar nova roupagem a tatuagem!

Na adolescência é a mesma coisa. Bem ou mal a criança aprende com os adultos. Wallon dizia que a família é o grupo primário para o inicio do aprendizado, por exemplo.

Mas é na adolescência que novamente é preciso reforçar aspectos importantes, ou mudar, ou transformar tais aspectos. É neste momento que é preciso ter novas referências para os adolescentes. Não! Não estou de forma alguma negando a importância do pai, da mãe ou do responsável direto do adolescente. Mas se faz necessário a presença de um adulto para dar continuidade. É disso que a adolescente precisa, de outros adultos neste momento.

Leitor, tenho a convicção que só duas coisas podem ajudar os adolescentes hoje: trabalho em grupo (afinal eles estão em grupo) e a referência para o grupo e para o adolescente.

Neste texto trago a importância da referência em pontos importantes:

Referência não se intitula.
Um adulto para ter conexão com o grupo ou com o adolescente, precisa esquecer o seu título: professor, catequista, etc. Tem que ser adulto, antes de qualquer coisa. Não precisa nem falar com gírias por exemplo. A referência só ganha o adolescente quando demostra atenção e carinho com o mesmo. Para ser referência, com todo o respeito, as vezes a aula, o encontro, o conteúdo ou tema, fica em segunda opção. A primeira coisa é a “sintonia com o grupo” ou com o adolescente. A frase que temos que ter é:
“neste momento não sou nada, sou apenas uma pessoa querendo ajudar estes jovens”

Referência como caminho
A pessoa não vira referência de um dia para o outro. Em cinquenta minutos ou uma hora.     Ser referência é um processo. É de encontro a encontro em encontro de aula a aula. Por isso a cada aula é preciso ter claro que ao pisar no espaço sagrado de educar, a referência tenha paciência sobre seu papel.

Referência como testemunho
O adolescente precisa escutar da referência seu testemunho de vida. Suas experiências, sua infância e principalmente sua adolescência. Neste ouvir a história, a referência tem que passar a sua verdade, tem que imaginar, tem que sonhar em quanto narra e avaliar-se enquanto protagonistas da sua história para o adolescente que escuta. Falamos de conteúdos na escola, falamos de Jesus na catequese, mas não falamos da gente para os jovens. Não falamos por que nos fechamos. Referência precisa abrir-se com o adolescente ou com o grupo



Referência na conversa individual para a responsabilização
Temos a péssima mania de cobrar dos adolescentes na frente dos outros. ( o que é um erro metodológico grande) A referência aos poucos tem que cobrar do adolescente e apontar o seu erro chamando para a conversa particular. No olho a olho. Sem berros e ameaças. Apontando caminhos, mostrando pro adolescente e refletindo com ele, onde esta o erro e o porque do erro. Nada de: “ele esta grandinho, sabe bem o que faz!” Não é assim que educamos...
A responsabilização é um momento mágico, delicioso, saboroso para a referência! Sentar no mesmo nível, falar com emoção, demostrar interesse pelo erro do adolescente, e principalmente se preocupar e torcer para o acerto do jovem é fundamental em uma referência.
Esporro coletivo, e ameaças não educam ninguém, e só ajuda a ter relações mais tensas!


Referência como monitoria
Sabe como os adolescentes ficam perdidos?! Quando não monitoramos. Nós fazemos os encontros semanais no mesmo horário e no mesmo dia. Damos aula, no mesmo horário e no mesmo dia! Mas quando um adolescente recebe uma mensagem de preocupação da sua referência?
A referência precisa tirar tempo para monitorar o grupo ou o adolescente. Tem que estar próximo, se não for fisicamente que seja virtualmente ou por telefonemas. Isso é importante.    
Demostrar interesse fora dos horários e dias comuns, demostra mais do que palavras, demostra atenção. É preciso monitorar, como um quase: “cuidado, estou de olho em você!”


Referência na reflexão de conteúdos
Para ser referência é preciso estar preparado. Além de monitorar, passar a sua verdade, responsabilizar, a referência precisa trazer conteúdos. Histórias, músicas, personagens, fatos faz parte da instrumentalização da referência. É usando os conteúdos que posso dialogar com o adolescente, brincar, ouvi-lo e fazer a conexões com o estado que o mesmo se encontra.




Referência como um ser de Postura
O Adolescente precisa se emocionar com a sua referência. Este é um papel fundamental para ser referência. Mexer com sentimentos, tocar, dizer, sonhar e se bobear chorar pela vida do outro. Mas é importante ter a postura de um líder que demostra caminhos. Mesmo nos momentos particulares adversos que todos temos, a referência precisa mostrar força e equilíbrio emocional. Podemos até dizer para os nossos adolescentes que não estamos bem, mas é necessário para o adolescente obter da sua referência calma e principalmente a postura ética. A única coisa que não podemos fazer é a famosa frase: “faça o que eu digo, só não faça o que eu faço!”
Se quisermos maturidade dessa geração, do adolescente especificamente, precisamos tomar cuidado com a nossa postura. Eles nos observam. Observam nossas redes sociais, a nossa postura com o outro, a nossa forma de dialogar e nossas atitudes. A grande pergunta que a referência tem que ter é: “como será que o grupo de adolescentes me observa?”

Para terminar: referência como opção de vida

Lendo estes pontos, chego a uma coisa importante: referência é uma opção de vida. Por que trabalhar com adolescentes, crianças ou com famílias excluídas? Ser referência é mais do que um trabalho. Seria bom se as referência pudessem ganhar mais do que ganham eu concordo! Mas infelizmente o mundo político (individualismo) e econômico (mercado vale mais do que pessoas) não trará para a referência grandes ganhos econômicos. Por isso que independente do grau e de onde este adulto referência estiver, e para todos os pontos escritos acima, ser referência é sim um ato de amor e um ato de ajuda para a vida do outro.
Em uma sala de aula trabalhamos com vidas não com alunos. Na saúde, na assistência social, no esporte ou cultura trabalhamos com vidas. Vidas em condição peculiar de desenvolvimento (no caso de crianças e adolescentes).
É preciso levar isso em consideração. É preciso levar isso no coração e na alma.


quinta-feira, 2 de maio de 2013

Assim como uma criança tranquila no berço

Com toda as forças do meu pensamento

quero um mundo melhor no presente e no futuro

Que a loucura da injustiça me alimente a minha revolta pacifica 

como uma criança querendo doce!

Que meu Deus e as pessoas com quem converso

toco, olho e falo... possam levar um pouco da minha mudança de mundo


Que o gosto da descoberta diária sobre a vida

possa ser sempre um motivo que me alegra, nas horas, minutos e segundos


E quando eu achar que não consigo, 

e quando eu acreditar que eu falhei,

e quando eu me acomodar..

a reflexão sobre a dor de uma criança ou de um adolescente

possa ser o combustível para levantar a cabeça e seguir em frente


Minha bandeira pacifica, sonhadora e empreendedora 

seja porta voz dos meus sorrisos e olhares

assim como um sonho de criança que dorme tranquila em um berço




segunda-feira, 22 de abril de 2013

A importância do sorrir!

Quantas vezes você sorriu hoje? Quantos sorrisos você deu durante a semana? Foi essa a pergunta que fiz, quando falava de uma história de empreendedorismo que li, e contei para uma pessoa. Quando dei por conta estava eu lá, sorrindo junto com o outro vibrando pela história narrada e sonhando junto com ela!

Dei por conta, que para existir uma boa explanação para qualquer coisa,  principalmente quando esta no processo de educação, é necessário sorrir para transmitir e trocar conhecimento.

O sorriso abre a porta do sonho, e sonho bem sonhado, acredite pode ser realidade. Em qualquer disciplina, em qualquer fato (inclusive os negativos) a importância de sorrir para desenvolver no outro a abertura da escuta é fundamental.

Talvez algum pessimista dirá: “Que babaca! Vive sorrindo a toa!” mas na verdade o sorriso acaba sendo importante para a alma!

Foi pesquisar sobre os benefícios do sorriso: melhora a elasticidade, suaviza rugas, ativa a circulação sanguínea, ajuda a hidratar a pele.

Nossa quanta coisa boa se for olhar para sí mesmo! Mas na verdade o que mais me chama a atenção é quando podemos contagiar as pessoas ao nosso redor com sorrisos!

Como seria bom, se em uma sala dos professores o sorriso pela aula ministrada fosse de alegria ao ver o desenvolvimento dos alunos. Como seria bom, antes de receber um “pois não, o que você tem?” em um posto de saúde,  a gente pudesse receber um sorriso antes de falar de qualquer doença!

Roberto DaMatta traz a reflexão em seus livros: O que faz brasil, Brasil? e A Casa e a Rua sobre como mudamos nosso comportamentos em espaços público e privados, e como mudamos a nossa postura em espaços públicos. Bons livros que recomendo!

Mas o que quero pontuar aqui, é que aos poucos fomos perdendo o ato de sorrir, tanto nas ruas como na casa. Perdemos aos poucos a atenção ao próximo. Pois sorrir, por sorrir com tanta besteiras circulando na internet e na televisão brasileira é até fácil.

Isso acontece pois ficamos tão individualistas que já não reparamos o outro. Temos hoje a banalização da violência. Ouvir sobre violência já virou costume.


E nessa brincadeira de viver a vida, com pressão do dia a dia.. perdemos a importância com o outro. 

Política pública sociais, também se faz com sorrisos. Faz com alegria, faz com brincadeiras e sonhos.

Para finalizar o sorriso transmite aquilo que é o mais importante para o ser humano, a sociabilidade com o próximo. É a porta de entrada para a abertura do diálogo, do respeito. Mesmo aquele que esta fechado à isso (problemas pessoais, por exemplo) ao sentir um sorriso gostoso e verdadeiro acalma-se com o ar de serenidade que é passado.

Sorrir é prestar atenção no outro, é ver o outro e ao mesmo tempo se distanciar para colaborar na resolução de problemas.

Enfim, sorrir trabalha a habilidade mais difícil do ser humano, que é a intrapessoal.

E você já deu um sorriso hoje? Aproveita!! Observe as pequenas coisas, preste a atenção no próximo, contemple o desconhecido...


Boa sociabilidade e claro... sorrisos! 

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Responsabilização um ato pedagógico

Era uma vez uma mamãe e um papai em uma sala, quando de repente Joãozinho fez bobagem de criança! Tão logo a bobagem aconteceu, papai e mamãe recriminaram o seu filho dizendo que ele tinha seus nove anos e que já deveria ser mais responsável.

E você, sabe de alguma história assim? Já viveu isso quando criança? Já fez isso com alguma criança?

Com o desenvolvimento físico da criança com o passar dos anos (crescimento dos ossos, crescimento e fortalecimento do tecido muscular) acreditou-se (e ainda acreditamos) que a responsabilização do ser humano fosse algo in natura, ou seja, natural do ser humano. Como o processo de sucção do bebê. Ninguém ensinou o bebê que ele precisava sugar para tomar o leite materno, certo? A mesma coisa se olharmos o processo de salivação de um cachorro, ou seja, é natural do cachorro que ele salive quando veja um belo prato apetitoso em sua frente!

Mas voltando ao tema, a responsabilização não é igual a sucção ou igual ao desenvolvimento físico. Responsabilizar é um ato pedagógico. Responsabilizar precisa do outro, de alguém para a construção desse processo, responsabilização é um ato educativo e não natural.  

Neste sentido você ao ler isso, pode pensar: Pô legal! Isso é papel da família! E vou escrever dizendo que isso é papel da família também! Mas não só dela.

A responsabilização, não requer punições ou castigo. Quando punimos ou castigamos devido ao ato errado de uma criança ou adolescente, queremos fazer uma coisa que chamamos de “conducionismo através da dor”. Queremos que a criança e o adolescente aprenda por meio da dor física ou psicológica que ela errou, e assim automaticamente  queremos que ela aprenda pelo seu erro, e consequentemente  sentindo a dor ela não faça mais ato errado. A técnica é boa certo? Ela é simples, fácil, e que prevê o resultado.
Pois bem, preciso alertar à você  sobre dois pontos: que essa técnica não deu certo e o segundo: tenho a convicção que não dará mais para ser usada no futuro. Explico

A técnica não da certo, pois queremos que as crianças e adolescentes não tenham medo através do conducionismo através da dor. Você gosta de sentir medo, de sentir-se violado, de sentir-se desrespeitado? Tenho certeza que a sua resposta foi não.

Precisamos ter uma geração de criança e de adolescentes que saibam respeitar o adulto, a sociedade e a sua própria vida, através da responsabilização. Já tivemos outras gerações que tinham disciplina através do medo, e isso não é legal. Sentindo medo a criança para o ato errado que fez, mas não reflete sobre o porque do ato. Quando usamos a conducionismo através da dor negamos as crianças e adolescentes o ato da escolha, viram coadjuvantes do processo.

O segundo ponto que mencionei, é que o método do conducionismo através da dor não dará certo, porque esta geração de crianças e adolescentes tem um amplo acesso a informação. Veja, escrevi informação e não conhecimento. Mas isso já faz uma grande diferença, pois com mais facilidades de informação, mais a criança e o adolescente se potencializa, mais oportunidades de busca pode ocorrer e consequentemente mais oportunidades de erros também. A informação esta fácil, as tecnologias ajudam e várias oportunidades aparecem, boas ou ruins. Essa geração e as outras que virão, estão percebendo que usar a intolerância com elas não vai resolver e elas irão negar.

 Mas voltando a responsabilização, como ela ocorre? Para responsabilizar é preciso que a referência (responsável, professor, amigo... ) mostre as opções das consequências dos atos que a criança e que o adolescente possa a vir ou não a fazer. Mostrar não significa dizer não, mostrar significa refletir junto.

Essa reflexão deve ser feita com calma, com tranquilidade passando segurança para a pessoa. Não de cima para baixo, impondo. Lembre-se a reflexão é no mesmo nível. Quem responsabiliza passa segurança, ok. Podemos usar aqui na reflexão a simbologia das portas ( se você escolher a porta A a consequência é esta.. se escolher a porta B a consequência é essa...)

Após ser refletido o ato, a escolha do ato é da pessoa que foi responsabilizada. Caberá quem esta responsabilizando observar a escolha feita pela pessoa. Por isso responsabilizar requer observação.
Geralmente crianças e até adolescentes na busca de limites, testam a porta (usando a simbologia) mais desagradável, em um termo podemos dizer que elas “pagam pra ver”, pois é comum testar nossos limites, certo? 
Por tanto, cabe a quem esta responsabilizando:
a-      Não levar para o lado pessoal
b-      Manter-se calmo
c-       Cumprir a consequência que determinou, quando mostrou os caminhos (portas)
d-      Manter-se forte (não estamos falando de violência) na postura, pois conflitos podem existir (choro, birra, rebeldia, enfrentamento, etc)
e-       Refazer a reflexão sobre o porque do ato (escolha da porta) e relembrar a consequência

Não levar para o lado pessoal e manter-se calmo
Quem responsabiliza, precisa ter ou treinar sua habilidade intrapessoal ou seja se conhecer mais para estar seguro. Como geralmente crianças e adolescentes “pagam pra ver” não leve isso como um “esta me testando” Na verdade elas não estão testando você, mas sim o limite refletido com elas, no caso as regras, ou seja, a consequência da porta. Se você que esta responsabilizando começa a ficar nervoso ou nervosa (tom de voz aumenta, olhar com recriminação, falar muito não...) você passa para quem esta sendo responsabilizado que não esta seguro de sí com a instrução dada ou com  a própria consequência estabelecida.


Cumprir a consequência que determinou
O maior erro da responsabilização, não esta na pessoa responsabilizada que faz as opções para testar o limite (porta errada), mas de quem esta responsabilizando. Vejamos quais os erros comuns:

(A) na hora de colocar a consequência, fala por falar, sem ser algo planejado

(B) traz a consequência mais como um castigo, do que uma responsabilização

(C) não cumpre a consequência que ele mesmo colocou. Exemplo1(na família): Filho, se você chorar , nós vamos embora do mercado. E quando a criança chora, não vai embora. Pergunta:  Quem errou? A criança ou o responsável que não cumpriu a sua palavra?

Exemplo2 (na escola): Vamos trabalhar o texto e precisamos da concentração do grupo, peço que não exista brincadeiras no momento, após 10 minutos liberamos um pouco de conversa, certo? Se caso houver brincadeiras o aluno ou a aluno perde o direito de ir no banheiro neste mês. O aluno faz a brincadeira. Quatro dias depois ele vai no banheiro na aula do professor. Pergunta:  Quem errou? O aluno que fez a brincadeira, ou o professor que liberou ele de ir no banheiro antes de o mês acabar?

Manter-se forte
Responsabilizar é dar limite. E ninguém gosta de ficar limitado as ações ou a objetos, certo? Mas sabemos que limites é importante! Neste sentido, o conflito pode ocorrer entre quem responsabiliza e quem é responsabilizado. Crianças choram, berram, se jogam no chão, falam. Adolescentes enfrentam, ameaçam, murmuram...

Cabe a você que esta responsabilizando entender que isto “faz parte do jogo” e compreender que isto é natural. Seria ótimo que uma criança ou adolescente dissesse: obrigado por me responsabilizar, isto afinal é um ato de carinho, de amor! Perfeito não é?

Manter-se forte não é brigar, manter-se forte é levar a sua postura e palavra até o fim, independente se este chora, briga, etc. lembre-se: tens um objetivo a cumprir: manter sua palavra, afinal a escolha foi de quem escolheu a “porta” errada. Por isso o seu cuidado de ter uma consequência na qual você conseguirá cumprir.

Refazer a reflexão sobre o porque do ato (escolha da porta) e relembrar a consequência
Após a criança e o adolescente se acalmar (pois você estará calmo ou se controlando para manter-se) refletir o porque da consequência, relembrando a escolha da pessoa, e solicitando se a pessoa não quer mudar sua opção (não impor outra opção). Se a criança ou adolescente irá escolher a porta certa ou não isso será uma opção dele.

Veja que aqui estamos falando de etapas de um processo:
Responsabilizador:
Mostrar caminhos e as consequências de cada caminho.

Como:
Planejando as consequências
Dialogando com calma sobre elas
Cumprindo a consequência se houver necessidade
Refletindo a consequência com o responsabilizado e oportunizando que o mesmo 


Responsabilizado:
Escolhe os caminhos a percorrer, caminho este apresentado pelo responsabilizador.
Como:
Escolhendo a(s) opção (opções) correta(s) ou não
Testando limite
 mudando seu caminho se escolheu o errado após ter a experiência da consequência do erro
















                   


Resumindo, quando uma criança ou um adolescente erra e não foi mostrados caminhos para o acerto e consequentemente essa criança recebe uma consequência não estamos responsabilizando, por mais que houve o erro dessa pessoa. 
   
Podemos ter uma pergunta: Se essa criança ou adolescente erra, sem mostrar as consequências para elas, o que fazer?  A resposta: mostrar o erro com calma, dialogando com essa pessoa para que ela não erre de novo, sem consequências, afinal crianças e adolescentes estão no direito de errar, e o erro ajuda a melhorar e a construir!

Para finalizar acreditamos que a responsabilização ajuda a diminuir os conflitos na família, na escola e no trabalho. Acreditamos que o ato de responsabilizar deve ser feito cotidianamente, melhorando a ação de quem responsabiliza, sendo assim um ato diário e aperfeiçoado.

Como mencionamos, aprendemos recebendo punições, esta na hora de mudar nosso ato, para uma geração que ainda não conhece seus direitos legais, mas que já sente que a intolerância não é o melhor caminho!

Neste sentido, responsabilizar se torna um ato de amor, um ato solidário, um ato sublime em um mundo consumista e individualista. Responsabilizar é olhar para frente, é ato profético.

Responsabilizar é distanciar-se na birra, no choro, na rebeldia de quem este limitado, sabendo que aquela limitação é para o bem, por mais que este outro estando em processo de desenvolvimento, não consegue refletir o melhor caminho.


Guilherme Cechelero
@guicechelero


Sociólogo e educador 

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Para viver bem, é preciso costurar

Ser educador nunca foi fácil. Trabalhar com pessoas é uma arte que merece respeito e o uso da ciência. Quanto mais viajo pelas estradas de cidade em cidade, trabalhando formações, articulando ações, conversando com pessoas, percebo que a mudança de mundo acontece com paciência e perseverança.

Muitos que trabalham com pessoas, comunidades, pontuam e de certa forma sofrem com as realidades encontradas por comunidades, famílias ou pessoas. Nas minhas falas, pensamentos, reflexões e orações, acredito em um mundo atual  melhor do que outras décadas em nossa história.

Perseverar no dicionário significa: persistência,  insistência em alcançar. Vem de perseverantia do latim firmeza.

Temos que ser firmes naquilo que Paulo Freire chama de inédito-viável. Temos que ser firme em nossos sorrisos, em nossos olhares e em nossos sonhos para continuar não na luta (pois não estamos em guerra), mas continuar na crença dos detalhes de uma sociedade mais humanizada.

Sabe pessoal, quando falo com pessoas sobre educação, percebo a vontade, o desejo da melhoria do nosso país, o desejo de um futuro melhor. Para aqueles com que converso, escrevo que já estamos em processo de melhoria e que o fato de refletirmos juntos o como fazer é um primeiro passo para tal construção de um mundo mais humano.

E para construirmos isso juntos, acredito que o caminho mais importante é a “costura da perseverança”  (encher de firmeza) A costura da perseverança é o registro daquilo que fazemos de bom! Dos pensamentos que acreditamos, das experiências positivas pessoais. Fortaleço-me e me fecho contra o pessimismo da mídia, dos outros quando escuto diretores falando o que fazem de bom na escola e como pensam em melhorar a realidade escolar, quando vejo supervisoras escolares dialogando na melhoria da qualidade da educação com professores, com psicólogos que respeitam o cidadão quando estão trabalhando com outras pessoas. Enfim, poderia aqui relatar várias experiências da costura da perseverança, e me deliciar na grandeza de nosso país, e das pessoas que aqui habitam.

São essas experiências que me faz continuar no caminho com a CEK8 Formações, pensando em empreender socialmente e levar diálogos e trocas de experiências pelas cidades com quem tenho a honra e o prazer de dialogar!

Promover ações positivas, promover a perseverança para as pessoas é fazer a costura da perseverança!
Que postamos em nosso facebook, blogs, twiter, não os valores dos tomates, ou frases contra ou a favor dos políticos ( o que também é importante), mas escreva as experiências positivas de você! Isso é que fortalece! Assim usamos a ferramenta das mídias sociais, para a construção da costura da perseverança fechando-se contra o pessimismo social! Sua experiência positiva do dia a dia é importante! Quero (e preciso) aprender com você! Afinal, para sermos firmes, precisamos nos encher de fatos positivo
s!


quinta-feira, 4 de abril de 2013

Para os adultos, o toque de sensibilidade!


Quem já errou levanta a mão? Quem nunca errou, atire a primeira pedra!? Em um mundo onde os valores morais e éticos passam por transformações, como cobrar da geração de jovens e adolescentes somente o acerto?

Neste texto eu preciso escrever e dizer para todos uma boa nova! Principalmente para os adultos que esqueceram que um dia já foram crianças e adolescentes: Criança e adolescente erra! E tem todo o direito de errar!

Quando falamos do trabalho com crianças e adolescentes, é bom deixar claro que primeiro estamos falando com seres humanos,  e não com número, com pacientes, com usuários, bolsistas, etc.

Trabalhar com o ser humano (independente da sua idade) é antes de qualquer coisa, ter a sensibilidade de que estamos falando de defesa de direitos humanos. E não basta estudar leis, ou saber das leis, é preciso ter, sentir, se permitir ter sensibilidade para tal... ou isso faz parte do projeto de vida da pessoa, ou é preciso se sensibilizar, ou não serve para trabalhar com o outro.

Ao interagir com o ser humano, o profissional que esta na execução dos trabalhos deve manter o afastamento (diferente de negligência) necessário para compreender o outro. Da mesma forma que contemplamos uma TV 3D de 64 polegadas no supermercado ou nas lojas que vende eletrodomésticos, a contemplação do trabalho com o ser humano deve ser a mesma ou até maior!

Contemplar exige do profissional... um toque de sensibilidade... de razão... de buscas de saídas... de verdade... de emoção...

O ser humano precisa errar para aprender.. só andamos porque literalmente caímos... Não é assim quando uma criança engatinha? Não é assim, quando aprendemos a andar de bicicleta?

A criança e o adolescente só quando faz errado pode refletir sobre sua ação! E esse refletir só é possível se houver a interação com o adulto. Somos seres bio sociais. Precisamos do outro para se desenvolver! A criança e o adolescente mais ainda...

O problema central é quando o outro que deveria ajudar não faz. Fecha-se na sua moralidade! Fecha na cegueira da sua ética. Fecha-se para contemplar o fato mais sublime, que é o erro de alguém para mostrar os caminhos certos. Perde a chance de educar...
E o outro nesta história?

Que além de errar.. ora por querer, ora sem querer, o que recebe? Como recebe? Com todo respeito... o que aprende?

Durante séculos e séculos, décadas e décadas e para não ser vanguarda, as gerações passadas foram educadas sem saber sobre seus direitos, tendo que obedecer pelo medo, não tendo acesso a diversas informações (que não significa conhecimento) e sabendo desde já, que as consequências que você fazia de errado, era passível de castigo. No dicionário a palavra castigo significa: Sofrimento, Mortificação

   Com todo o respeito (de novo), mas não podemos fazer com que mais uma geração passe por sofrimentos, ou seja, por castigo.

Para você que ao ler este artigo, aceitando ele ou não, preciso dizer algo que talvez não te falaram... Erraram na forma de educar você, se te castigaram! A metodologia que fizeram com você foi errada. Não duvido do amor que você recebeu! Tenho certeza que existe pessoas que te amam, mas não precisamos agradecer pelo castigo recebido, ou pior.. reproduzi-los em nossas casas, ou pior em nosso trabalho.

Que nossa indignação... não foque no erro que a criança e que o adolescente comete. Para isso ato pedagógico da responsabilização é fundamental. Focamos nossa indignação nas injustiças do passado, na mídia que traz a violência no dia a dia nos lares, na falta de carinho e de amor dos ser humanos, que são estimulados a contemplam os aparelhos eletrônicos e não os outros seres vivos.

Criança e adolescente erram sim e cabe a nós pessoas adultas passar nosso testemunho, nossas reflexões e nossa verdade, a essa geração de adolescentes que precisam de referências próximas, referências verdadeiras e sensibilizadas, contemplando o processo de condição peculiar de desenvolvimento