sexta-feira, 22 de março de 2013

Sexta feira, 22 de Março de 2013

Muitos falam " da família!"

Mas qual família?

Aquela que vive na exclusão social, educacional....

Sem condições de lazer, de prazer?

Falamos das famílias da mulher, do homem..

Do migrante, que larga sua cultura, sua cidade, seus hábitos

em busca de um mundo melhor para sí e ao seus filhos.

Que parceria que queremos com as famílias?

A da vinda na reunião,

a da votação

a do lixo jogado no lixeiro, ou da construção?

Nessa neblina de "querer" "parceria" e "família"

Precisamos antes de mais nada.. sentir...

Sentir o outro...

Sentir os outros...

Resignificar nossos sentidos..

Desejos e emoções

Precisamos olhar o outro.. não com a família que vem ou não vem...

mas realmente como parceiros...

Parceiros com sonhos.. sonhos coletivos.. sonhos pequenos..

Sonhos vivenciados...

Sonhos idealizados...

Sonhos.. compartilhados...

Família, vem quando tem carinho.. amor.. e abertura...

enfim.. sonhos...

afinal, é isso que nos move,,,

é isso que precisamos...

é isso que famílias pedem....

Nada de cadastro, nada de filas, nada de usuários..

simplesmente sonhos...

quinta-feira, 21 de março de 2013

Flores e crianças, jardins e a Doutrina da Proteção Integral


Ah, quão maravilhoso é, em meio ao uma boa caminhada ou um bate papo agradável com a família nos depararmos com uma bela paisagem de flores bonitas, harmônicas e cheirosas! Como é gostoso observar as flores! Como é bom se deslumbrar com a paisagem multicolorida que invade nossos olhos e alegra nossos corações. Rosa, vermelho, roxo, branco...  Nos resta apenas admirar a cena na esperança que nosso cérebro grave tamanha beleza.
 Sinto-me assim quando olhos crianças ou adolescentes reunidos em grupo. Sobre as crianças, como é bom ver, a forma como conversam, se empurram, pulam e como resolvem seus problemas em grupo. Já com os adolescentes, como é bom ver o grupo reunido, falando alto, ora quase “fofocando”, mas mostrando-se presente para a sociedade. O que tem haver flores, jardins, crianças, adolescentes e escola?
Muito! É a resposta. O local onde fica as flores, geralmente, é um lugar que merece alguns cuidados. Claro que existem flores que necessitam da luz direta do sol para se manter, como a Boca de Leão, Escovinha, etc. outras não podem estar diretamente a luz solar, pois atrapalhará o seu desenvolvimento, assim como as Violetas e as Rosas...
Quando falamos de Prioridade Absoluta para crianças e adolescentes, estamos falando desse mesmo cuidado com nosso jardim e flores. Para um bom desenvolvimento da infância e da juventude, é necessário prioridade nas políticas públicas.
Vale lembrar que essa prioridade não é somente a destinação de verbas (dinheiro), mas projetos governamentais ou não,  que irão de encontro com a necessidade dos adolescentes ou crianças. É necessário ter vontade política, estudo e saber a real necessidade de demandas na área da criança e do adolescente. Geralmente em nossa cultura política, deixamos (porque pensamos assim) que somente os gestores das secretarias responsáveis para tal política é responsável para tomar tal iniciativa. Na verdade, quem trabalha ou convive com crianças e adolescentes pode (não estou falando em dever) sonhar, planejar e articular idéias para o trabalho ser prioritário na área da criança e do adolescente. Construir projetos, ações, programas é uma responsabilidade do adulto e deve ser uma prioridade em seu trabalho. Um jardineiro, não pode esperar que somente o dono do jardim arrume a estrutura para as flores ou plantas. O jardineiro também precisa pensar como deve ser esse jardim, afinal é ele que cuida diretamente das flores. Assim, deve ser o profissional que trabalha diretamente com as crianças e adolescentes, tanto os gestores como os profissionais devem ter a sensibilidade de pensar, estudar e principalmente sonhar ações que possam garantir a Absoluta Prioridade as nossas crianças e adolescentes. E por que fazer isso?
Se ao mesmo tempo em nosso jardim, temos flores que necessitam de mais tempo no sol, e temos flores que precisam de mais cuidados, é a mesma coisa em nossa sociedade com nossas crianças e nossos adolescentes. Existem crianças e adolescentes que passam por mais riscos e outras menos riscos de saúde ou sociais. Para aquelas que passam por mais riscos sociais (flores que não podem ficar diretamente ao sol), se faz necessário com prioridade absoluta ações para a diminuição de tais riscos. Ao longo do tempo, fomos entendendo que a prioridade de socorro para a criança e pro adolescente era necessária. Mas ainda estamos longe de compreendermos que a formulação de políticas públicas passa por boas idéias, conversas e bons sonhos. Como fazer algo para bloquear a luz direta do sol, nas flores? Como termos ações, projetos e programas para adolescentes ou crianças em situação de risco de saúde, ou risco social?
Se ao pensarmos em idéias para o bloqueio da passagem do sol nas flores, percebemos que a idéias traz custos elevados, planejamos tal ação em médio e longo prazo, mas para não deixarmos as flores morrerem utilizamos alguns recursos (pode ser ideia) para o bloqueio da passagem do sol, certo?
A mesma ação deve ocorrer para a área da criança e do adolescente. Mesmo a lei entendendo que a área da criança e do adolescente é uma prioridade absoluta, inclusive para a destinação privilegiada de recursos, a não ação do poder público a curto, médio ou longo prazo, sobre tais recursos, não pode ser colocada em cima de crianças e adolescentes em situação de risco. Ou seja, não é culpa da violeta se ela ficar no sol durante uma semana, não é culpa da criança e do adolescente a falta de política pública porque não existe prioridade no orçamento.
A diferença é que com as flores, se não temos a melhor estrutura, por falta de recursos, pensamos em idéias simples, baratas e que dê jeito. Mas na área da criança e do adolescente, a falta de estrutura ou recursos faz com que jogamos a culpa nos mesmos. 
Para terminarmos a parte da prioridade absoluta, não é a falta de recursos que é o maior problema, pois dinheiro existe, fontes de financiamento também, e o Brasil vive em um momento econômico bom. O que existe, de forma ainda tímida, são boas idéias, falta empreendedorismo social, diálogo de sonhos, trocas de experiências, de debates e o principal: a preocupação com a vida do outro, principalmente quando este outro é a criança e o adolescente.
Dizem que para ser um bom jardineiro é necessário entender da estrutura e manutenção do jardim, entender das flores ou plantas e terra, saber de paisagismo. De certa forma um jardineiro não precisa necessariamente ser especialista em tudo isso, mas compreender o todo é fundamental.
Quando falamos dentro da Doutrina de Proteção Integral que criança e adolescente é sujeito de direitos, estamos falando que existem diversas ações para garantir o presente e o futuro dos mesmos. Alguns direitos são para o presente, outros para o futuro! Mas é esse conjunto de direitos que irá garantir um bom desenvolvimento de nossas crianças e adolescentes.
Vale registrar que a única coisa que não podemos fazer, é retirar esses direitos da criança e do adolescente. Tal prática seria como a retirada do adubo, sombra, e jardineiro para nosso jardim! Ou pior, um trator pesado e grande passando por cima de flores coloridas!
Os direitos da criança e do adolescente não é de forma alguma uma afronta para os adultos (que também já foram crianças), mas é a garantia na lei jurídica defendendo a criança e o adolescente. Alguém (você) é contra a vida e a saúde de alguém? Alguém (você) é contra a oportunidade de educação e assistência social daqueles que necessitam? Alguém (você) é contra o respeito, a dignidade das pessoas em seu redor? Contra o acesso ao esporte e a cultura de crianças e adolescentes?  
Trazer direitos jurídicos para as crianças e para os adolescentes é primeiro garantir a cidadania (cidadania como direito da pessoa), dar a oportunidade da busca de auto reconhecimento como cidadão e abrir espaço para a responsabilização que vem pós descoberta de ser reconhecido como um ser de direito. Cobramos as responsabilidades de crianças e adolescentes, sem antes trabalhar os direitos enquanto ser cidadão dos mesmos.  É como se cobrássemos de um girassol, tal colorida e perfume, sem antes trabalhar a terra, dar água, e o cuidado para o seu desenvolvimento.
Assim com uma semente de girassol é só semente de girassol, crianças e adolescentes que só escutam que eles têm que ser responsáveis, sem trabalhar sua cidadania antes não dará o retorno que queremos, que é a sua responsabilização. No caso do girassol, um lindo girassol amarelo!
Por isso dos direitos.  Cada direito trabalhado com crianças e adolescentes faz com que existam possibilidades de responsabilização da cidadania dos mesmos. Como escrevemos anteriormente sobre a flor, que precisa de terra, adubo, água, sombra ou sol, para desenvolver-se. 
E por último, toda a criança e adolescente é um sujeito em condição peculiar de desenvolvimento. Assim como as flores se desenvolvem, assim é a criança e o adolescente. Quando estamos falando de desenvolvimento estamos falando de desenvolvimento físico (assim como o desabrochar das flores), desenvolvimento psíquico (o cheiro da flor) e o desenvolvimento moral ( a vista da beleza das flores no jardim).
Ou seja, a condição peculiar em desenvolvimento significa que o crescimento das crianças e adolescentes acontece de forma mais rápida, e em pouco espaço de tempo, tanto fisicamente, psicologicamente ou moralmente.
Outro ponto importante quando falando de desenvolvimento, esta no fato de que por estarem em tal condição, tanto a criança e o adolescente podem e devem errar. O erro (seja o mais simples, ao mais complexo), faz parte da vida, e é nessa parte que se faz necessário trabalhar os direitos para chegarmos às responsabilidades.
Da mesma forma que um jardineiro deve ter carinho e atenção com a flor em seu desenvolvimento, devemos (nós) dedicar carinho, atenção às nossas crianças e adolescentes. Trabalhando seus direitos, construindo ações como prioridade absoluta e tendo ações de sensibilidade com pessoas em desenvolvimento é que chegamos a uma sociedade mais fraterna, sólida e com qualidade de vida.
Neste sentido, a idéia não é a punição ao erro, mas a socioeducação! Da mesma forma que as flores precisam ser podadas, ou seja,  tirar seus excessos, assim é com a socioeducação. Podar uma flor, não significa acabar com ela, deixá-la ficar ao sol durante uma semana porque cresceu demais, isso é punir a flor!
Podar representa cuidar. Só podamos, porque a flor se desenvolveu (criança em desenvolvimento). Se desenvolver é porque cuidamos, (garantia de direitos), e se cuidamos é porque tivemos estrutura e principalmente vontade para tal (prioridade absoluta).
Queremos uma sociedade da mesma forma que queremos um jardim, lindo, florido, colorido e com bastante perfume. Com jovens e crianças brincando e se auto conhecendo, tendo clarezas de seus direitos e por consequência tendo maior sensibilidade com os direitos das outras pessoas, trazendo o perfume do imaginário, dos sonhos e da alegria. Essa é a melhor maneira para termos uma sociedade mais harmônica, assim como um belo jardim repleto de flores!   



Guilherme Cechelero
Cientista Social, educador